quarta-feira, 15 de abril de 2009

Monteiro Lobato e o livro infantil

18 de ABRIL - DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Em 18 de Abril é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil. Esta data foi escolhida por ser o aniversário de José Bento Monteiro Lobato, o primeiro autor infantil brasileiro. Antes dele, as histórias para as crianças eram traduzidas. Monteiro Lobato criou enredos que encantam os pequenos até hoje e o mais famoso deles é o Sítio do Pica-Pau Amarelo.


José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18 de abril de 1882 — São Paulo, 4 de julho de 1948) foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi o "precursor" da literatura infantil brasileira e ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo, bem como divertido, de sua obra de livros infantis, o que seria aproximadamente metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de inúmeros e deliciosos contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, prefácios, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro e um único romance, O Presidente Negro, que não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças.

Veja abaixo um pouco mais sobre algumas das obras de Monteiro Lobato, são ótimas sugestões de leitura:

Reinações de Narizinho
O livro-mãe, a locomotiva do comboio, o puxa-fila. A saga do Picapau Amarelo começa. Aparecem Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde, Rabicó, Quindim, Nastácia, o Burro Falante... e o milagre do estilo de Monteiro Lobato vai tramando uma série infinita de cenas e aventuras, em que a realidade e a fantasia, tratadas pela sua poderosa imaginação, misturam-se de maneira inextrincável - tal qual se dá normalmente na cabeça das crianças. O encanto que as crianças encontram nestas histórias vem sobretudo disso: são como se elas próprias as estivessem compondo em sua imaginativa, e na língua que todos falamos nessa terra - não em nenhuma língua artificial e artificiosa, mais produto da "literatura" do que da espontaneidade natural (1931).

Viagem ao céu e O Saci
Pedrinho consegue obter uma boa dose do pó de pirlimpimpim, o pó mágico que transporta as criaturas a qualquer ponto do Espaço e a qualquer momento do Tempo. Distribuindo pitadas a Narizinho, Emília, Visconde, Nastácia e o Burro Falante, empreende a viagem ao céu astronômico. Vão parar na Lua, onde tia Nastácia vira cozinheira de São Jorge, enquanto os outros visitam Marte, Saturno e a Via Láctea, onde encontram o Anjinho de Asa Quebrada. Enquanto brincam no espaço sideral, vão aprendendo noções de astronomia. Só voltam de lá quando dona Benta os chama com um bom berro: "Já pra baixo, cambada!". Na segunda parte, "O Saci", desenvolve-se a estranha aventura vivida por Pedrinho que conseguiu pegar um saci com a peneira e conservá-lo preso numa garrafa. O diabinho de uma perna só proporciona ao garoto ensejo de conhecer a vida noturna e fantástica das matas - com visões da Mula Sem Cabeça, da Caapora, do Lobisomem, do Boitatá, e das principais criações mitológicas do nosso folclore (1932).

Caçadas de Pedrinho e Hans Staden
Pedrinho organiza uma caçada de onça e sai vitorioso, como também sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio de dona Benta. Depois encontra um rinoceronte, fugido de um circo do Rio de Janeiro, que se refugiara naquelas matas - um animal pacatíssimo do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de Quindim. Completa o volume a narrativa feita por dona Benta das célebres aventuras de Hans Staden. Esse aventureiro alemão veio ao Brasil em 1559 e esteve nove meses prisioneiro dos tupinambás, assistindo a cenas de antropofagia e à espera de ser devorado de um momento para outro. Mas se salvou e voltou para a Alemanha. Lá publicou o seu livro: o primeiro que aparece com cenário brasileiro e um dos mais pungentes e vivos de todas as literaturas (1933).

História do mundo para as crianças
Este livro de Monteiro Lobato teve uma aceitação excepcional. Nele o autor trata da evolução humana, e da história da humanidade no planeta, na organização clássica de todas as "histórias universais", mas escrita de modo extremamente atrativo, como um verdadeiro romance posto em linguagem infantil. As crianças lêem avidamente esse livro, como leem as histórias da carochinha (1933).

Memórias da Emília e Peter Pan
Emília, a terrível Emília, resolve contar suas memórias, ditando-as ao Visconde de Sabugosa. Das memórias de Emília sai o episódio, tão vivo e interessante, da visita das crianças inglesas ao sítio de dona Benta, trazidas pelo velho almirante Brown. Vieram para conhecer o Anjinho de Asa Quebrada, que Emília descobriu na Via Láctea, durante a Viagem ao Céu. Emília conta tudo - o que houve e o que não houve; e vai dando as suas ideiasinhas sobre tudo - ou a sua filosofia, que muitas vezes faz dona Benta olhar para tia Nastácia, e murmurar: "Já viu, que diabinha?". Na segunda parte, "Peter Pan", dona Benta recebe o famoso livro de John Barrie e o lê à sua moda para as crianças. Durante a leitura, às vezes interrompida por cenas provocadas pelos meninos e sobretudo pela Emília, ocorre o caso do desaparecimento da sombra da tia Nastácia. Quem furtou a sombra da pobre negra? O Visconde é posto a investigar, e como é um excelente Sherlock, descobre tudo: artes da Emília... (1936).

Emília no país da gramática e Aritmética da Emília
Temos aqui uma das obras-primas de Monteiro Lobato e o mais original de quantos livros se escreveram até hoje. Lobato representa a língua como uma cidade, a cidade da Gramática, e leva para lá o pessoalzinho do sítio, montado no rinoceronte. E é esse paciente paquiderme o gramático que tudo mostra e explica. Há a entrevista de Emília com o venerando Verbo Ser, que é pura criação. E a reforma ortográfica, que Emília opera à força, com o rinoceronte ali a seu lado para sustentar suas decisões, constitui um episódio que não só encanta as crianças pela fabulação como ensina as principais regras da ortografia. Na Aritmética da Emília, Monteiro Lobato usa do mesmo recurso e consegue, a partir de matéria tão árida como a aritmética, transformar o velho Trajano numa linda brincadeira no pomar. O quadro-negro em que faziam contas a giz era o couro do Quindim... (1934).

Geografia de Dona Benta
Em vez de estudar geografia nos livros, como fazem todas as crianças, o pessoalzinho do sítio embarca no navio "O terror dos Mares" e sai pelo mundo afora, a "viver" geografia. E a geografia, aquele estudo penoso e às vezes tão sem graça, torna-se uma aventura linda, com paradas em inúmeros portos e descidas em terra para ver as coisas mais notáveis de todos os países. É brincadeira das mais divertidas e preciosíssimo curso de geografia (1935)

Serões de Dona Benta e História das invenções
Certo dia, dona Benta resolve ensinar física aos meninos, e em vários serões faz um verdadeiro curso da matéria, melhor que quando feito, penosamente, nos colégios. A física perde a sua secura. Os diálogos, os incidentes, as constantes perguntas dos meninos e as ocasionais maluquices da Emília, amenizam o processo do aprendizado (1937).

D. Quixote das crianças
As famosas aventuras de D. Quixote de la Mancha e de seu gordo escudeiro, Sancho, são aqui contadas por dona Benta, naquele modo de contar histórias que é só dela. Emília entusiasma-se com o herói e em certo momento resolve imitá-lo - e armada dum cabo de vassoura, feito lança, investe contra as galinhas do quintal. E tantas faz, que tia Nastácia teve que agarrá-la e prendê-la numa gaiola, como aconteceu com o herói da Mancha na sua loucura... (1936).

O poço do Visconde
Um livro interessante em que a geologia, sobretudo a geologia especializada do petróleo, é exposta ao vivo e com profundo conhecimento da matéria. O Visconde vira geólogo, faz conferências, ensina a teoria e depois passa à prática, com a abertura de poços de petróleo nas terras do sítio de dona Benta. E tão bem são conduzidos os estudos geológicos e geofísicos, que a Companhia Donabentense de Petróleo, fundada pelo pessoal do sítio, consegue abrir o primeiro poço de petróleo do Brasil: o Caraminguá nº 1. É o livro pelo qual Monteiro Lobato leva sua campanha pelo petróleo aos leitores infanto-juvenis, como havia feito com os adultos em O Escândalo do Petróleo (1937).

Histórias de tia Nastácia
São as histórias mais populares do nosso folclore, contadas por tia Nastácia e comentadas pelos meninos. Nesses comentários, no fim de cada história, Pedrinho, Narizinho e Emília revelam-se bem dotados de senso crítico, e "julgam" as histórias da negra com muito critério e segurança. É um livro que "ensina" a arte da crítica - lição que pela primeira vez um escritor procura transmitir às crianças (1937).

O Picapau Amarelo e A reforma da natureza
Dona Benta adquire todas as terras em redor do sítio para atender a uma solicitação prodigiosa: os personagens das fábulas resolveram morar lá. Branca de Neve com os sete anões, D. Quixote e Sancho Pança, Peter Pan e os meninos perdidos do País do Nunca, a Gata Borralheira, todas as princesas e príncipes encantados das histórias da carochinha, os heróis da mitologia grega, tudo, tudo que é criação da Fábula muda-se com armas e bagagens para o Picapau Amarelo, levando os castelos, os palácios, as casinhas mimosas como a de Chapeuzinho Vermelho e até os mares. Peter Pan transporta pra lá até o Mar dos Piratas. Acontecem maravilhas; mas no casamento de Branca de Neve com o príncipe Codadad, o maravilhoso sítio é assaltado pelos monstros da Fábula - e no tumulto tia Nastácia desaparece...(1939).

O Minotauro
Neste livro desenrolam-se as aventuras de Pedrinho, do Visconde e da Emília na Grécia Heróica, para onde foram em procura de tia Nastácia. Acontecem mil coisas, e afinal descobrem o paradeiro da negra, graças à ajuda do Oráculo de Delfos. Estava presa no Labirinto de Creta, nas unhas do Minotauro! Mas tia Nastácia já havia domesticado o monstro, à força de bolinhos e quitutes; deixara-o tão gordo que os meninos puderam entrar no Labirinto e salvá-la sem que ele, espapaçado no trono, pensasse em reagir...(1937).

A chave do tamanho
Talvez o mais original dos livros de Monteiro Lobato. Emília, furiosa com a Segunda Guerra Mundial, resolve acabar com ela. Como? Indo à Casa das Chaves, lá nos confins do mundo, e "virando" a Chave da Guerra. Mas comete um erro e em vez da Chave da Guerra vira a Chave do Tamanho, isto é, a chave que regula o tamanho das criaturas humanas. Em consequência, subitamente, todas as criaturas humanas do mundo inteiro "perdem o tamanho", ficam de dois, três centímetros de estatura - e Lobato conta o que se seguiu. Trata-se de um livro rigorosamente lógico, e que transmite às crianças o senso da relatividade de todas as coisas (1942).

Fábulas
Neste livro Monteiro Lobato reescreve as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, mas de modo comentado. A novidade do livro está justamente nestes comentários, em que as fábulas são criticadas com a maior independência - e Emília chega a ponto de "querer linchar" uma delas, cuja lição de moral pareceu-lhe muito cruel. Um livro encantador, em que o gênio dos velhos fabulistas é singularmente realçado pelos diálogos entre os meninos, que a inventiva de Monteiro Lobato vai criando com a maior agudeza e frescura (1922).

Os doze trabalhos de Hércules
Pela primeira vez em todas as literaturas, os famosíssimos trabalhos de Hércules - o mais belo romance fantástico da Antiguidade Clássica - são narrados à maneira moderna - e vivificados pela colaboração de Pedrinho, Emília e o Visconde de Sabugosa. Esses três heroisinhos modernos vão para a Grécia, a fim de acompanhar as façanhas de Hércules - e o fazem tomando parte nelas e muitas vezes salvando o grande herói. Das aventuras ressalta a lição moral: o valor e a superioridade da inteligência expontânea, viva como azougue e sempre vitoriosa (1944).

Fontes:

http://www.lendorelendogabi.com/contos/autores_monteiro_lobato.htm
http://lobato.globo.com/biblioteca_InfantoJuvenil.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato

domingo, 5 de abril de 2009

"Origem da expressão mineira 'UAI' –

UAI...NÃO É UAI SÔ
nossahistoria@maisinterior.com.br


Procurando o significado da riquíssima expressão "uai", observei que ela não existe no léxico formal da língua portuguesa. Foi por isso, que nossa história de hoje viajou nos trilhos das antigas cidades históricas mineiras, para tentar uma aproximação e descobriu que "uai" significa algo como a manifestação da tranquilidade do ser humano diante da vastidão do universo. Exemplo: "Parece que vai chover"."Uai, vai mesmo" - o que vale dizer: "Não adianta chorar, a chuva vai molhar e é bom ir procurando um guarda chuva e deixar as águas rolar!". Uai pode ser usado em vários contextos, mas é como manifestação do óbvio latente que exprime seu mais profundo significado. É tipo de expressão que retrata o bom mineiro que sossegado despreza complexas estruturas filosóficas em prol de uma vida tranquila de natureza limpa e crua, cortada por árvores, montanhas, rios e flores. Além disso, por ser formada exclusivamente por três vogais, a expressão "uai" é bastante musical e agradável aos ouvidos.



ORIGEM DA PALAVRA UAI - Segundo a história foi o presidente Juscelino Kubitschek que incentivou o odontólogo Dr. Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, a pesquisar a origem da palavra "uai". Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do jornal "Estado de Minas Gerais", Dorália encontrou a explicação provavelmente mais confiável: Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas, para se protegerem das autoridades policiais lusitana. Como conspiravam em porões de cidades antigas como Mariana e Ouro Preto, e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros nas portas dos esconderijos, com as três batidas clássicas da Maçonaria. Lá de dentro, perguntavam: quem é, e os de fora respondiam: UAI - que são as iniciais de União, Amor e Independência. Senha e palavras que foram respeitadas pelos lideres e heróis da inconfidência como Felipe dos Santos e Tiradentes. Só mediante o uso da palavra "Uai", a porta seria aberta aos visitantes. Terminada a revolta da Inconfidência Mineira sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário cotidiano, quase tão indispensável como o tutu e o trem danado de bom.

Outra diferente versão da origem da palavra "Uai" - também falada pelos goianos, veio de uma expressão inglesa "why" (por que). Ela foi introduzida no Brasil na época das construções das primeiras ferrovias brasileiras. Conta a história que engenheiros ingleses que vieram supervisionar a construção da ferrovia do aço e pouco ou nada entendiam do idioma português, sempre interpelavam os trabalhadores dizendo "Why this!" (por que isto?). Como as pessoas da região de Minas e Goiás estavam sempre em contato com esses ingleses, eles foram pegando a mania de falar essa expressão, mas em diversos contextos como: Vamos, força, anda logo, coragem, fartura etc. Em pouco tempo a palavra foi aportuguesada e se tornou o famoso "Uai sô".



O DOM MINEIRO - Explica um provérbio mineiro que humildade segue adiante da grandeza e da honra, que ser bonzinho não é o mesmo que ser bobinho, mas de fato um tiquinho diferente da maioria. Juntei-me ao dom do mineiro que não carrega tristeza, mas a alegria de ser dócil e falante, muitas vezes impetuoso, romântico e tímido. Gosto de amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. O dom mineiro é não perder o direito de dizer também uai, este trem doido e danado de bom, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação. É acreditar na panela cheia, mesmo quando a refeição se resume em angu, feijão tropeiro, bamba de couve, abobrinha e frango com quiabo, ou quando doutor, nem precisa ser chamado de senhor. O dom mineiro é saber cantar música caipira, mas também conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar que a felicidade esta nas coisas simples, que as pessoas é um ser tão próximo, tão dentro da alma da gente. É perdoar, dar tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou a perna. É não sai por aí contando vantagem, é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre queijos, amor, abraços e beijos a vida é maravilhosa e gostosa, é um trem danado de bom...é Uai!

José Augusto Pereira

Mineirês

MINEIRO CONTANDO UM "CAUSO":
Sapassado, era sessetembro, taveu na cuzinha tomando uma pincumel e cuzinhando um kidicarne com mastumate pra fazer uma macarronada com galinhassada.
Quascaí de susto, quandoví um barui vinde dendoforno, parecenum tidiguerra.
A receita mandopô midipipoca denda galinha prassá. O forno isquentô, o mistorô e o fiofó da galinha ispludiu!
Nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite.
Foi um trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô. Oiprocevê quelocura!
Grazadeus ninguém simaxucô!