quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Entrar "de férias" ou "em férias"?

Pois bem, resta-nos dizer algo: o ano já se finda... Ah!!! É chegado o tão esperado momento... Mas afinal, você estará de férias ou em férias? 



 
Percebemos uma infinidade de expressões das quais cotidianamente fazemos uso, mas, que de acordo com o padrão formal da linguagem, nem sempre estão adequadas a tal. Contudo, o presente postulado não se refere às expressões ora em estudo, uma vez que ambas as formas estão corretas: de férias ou em férias.

Assim, em se tratando dos enunciados subsequentes, constatamos que estes se encontram adequados à modalidade já citada. Como por exemplo:

A viagem está marcada, pois todos estarão de férias.

Há que se aproveitar bastante, uma vez que tão logo estaremos em férias.


Entretanto
, há uma ressalva a se fazer. Portanto, atente-se a ela!!!


Quando resolvemos atribuir um adjetivo ao substantivo, recomenda-se usar a expressão “em férias”. Evidenciada da seguinte forma:

Os funcionários sairão em férias coletivas.

Após o balanço final, todos estarão em merecidas férias.



Fonte: http://www.portugues.com.br/gramatica/ortografia/entrar-ferias-ou-ferias.html

Jogo divertido para afiar a língua

Educar para Crescer

http://educarparacrescer.abril.com.br/100-erros/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Feira de Ciências e Feira Cultural 2011

Hoje foi realizada a  Feira de Ciências e a Feira Cultural na Escola Municipal Dr. Augusto Glória e mais uma vez nossos alunos brilharam. Aqui vão as fotos do trabalho do 9ºD intilulado "Os caminhos da Literatura - Do papiro ao E-book"

























Parabéns galera! Valeu todo o esforço, o trabalho ficou muito bom!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Você entende o Hino Nacional Brasileiro?

 
O Hino Nacional Brasileiro, símbolo de exaltação à pátria, é uma canção bastante complexa. Além de possuir palavras pouco usuais, sua letra é rica em metáforas. O texto segue o estilo parnasiano, o que justifica a presença de linguagem rebuscada e de inversões sintáticas, que dificultam a compreensão da mensagem. Assim, a priorização da beleza da forma na elaboração do hino fez com que a clareza ficasse comprometida.

Você, que já sabe cantar o hino nacional, conhece-o pela melodia e musicalidade ou pelo sentido que a mensagem representa? A maioria das pessoas, apesar de ter domínio da letra, desconhece seu significado. Veja a seguir o hino nacional. Observe as palavras em destaque e suas definições em parênteses. É provável que você se surpreenda com as informações que sempre proclamou, sem, de fato, estar ciente disso.


Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas (calmas, tranquilas, serenas)
De um povo heroico o brado (grito, clamor) retumbante (que ressoa, ecoante)
E o sol da liberdade (independência), em raios fúlgidos (brilhantes, luminosos),
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor (direito) dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte (com nossa firmeza),
Em teu seio (interior, âmago), ó liberdade,
Desafia o nosso peito (coração) a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada (adorada, venerada, amada),
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido (brilhante, resplandecente)
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso (belo) céu, risonho (repleto de promessas) e límpido (claro),
A imagem do Cruzeiro (constelação Cruzeiro do Sul) resplandece (brilha).

Gigante pela própria natureza (desde que nasceste),
És belo, és forte, impávido (destemido) colosso (gigante)
E o teu futuro espelha (refletirá) essa grandeza.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil (generosa),
Pátria amada,
Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido (admirável, grandioso),
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras (cintilas, brilhas), ó Brasil, florão (ornato, enfeite) da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida (vistosa),
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro (bandeira) que ostentas (exibes) estrelado,
E diga o verde-louro (amarelo) dessa flâmula (bandeira)
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a clava (arma) forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra, adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada / Música: Francisco Manuel da Silva

Saiba mais:
Sobre os autores
Joaquim Osório Duque Estrada nasceu em Pati do Alferes (RJ) em 1870 e faleceu em 1927, no Rio de Janeiro. Além de atuar como professor do Colégio D. Pedro II e da Escola Normal, foi poeta e crítico literário.
Francisco Manuel da Silva nasceu em 1795 no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1865. Dedicou-se à música desde a infância, fundando a Sociedade Beneficente Musical e o Conservatório de Música do Rio de Janeiro.

Estilo do texto
Trata-se de um texto parnasiano, que privilegia a forma mesmo com sacrifício da clareza da mensagem, gerando dificuldades de compreensão. Para isso, colaboram o preciosismo vocabular e as frequentes inversões da ordem do discurso, tão ao gosto dos acadêmicos do final do século XIX, mas distantes do universo das gerações atuais.

Parnasianismo e Romantismo
Sabe-se que a forma do poema é rigorosamente parnasiana, porém o seu conteúdo é romântico, inserindo-se nas propostas dessa escola literária no que se refere à exaltação ufanista.

Canção do Exílio
Na segunda parte do hino, os trechos que estão entre aspas foram extraídos do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

300 anos sem hino
Desde o descobrimento, o Brasil demorou mais de 300 anos para ter um hino. Em 1831, Francisco Manuel da Silva compôs a melodia. A letra veio 91 anos mais tarde. Após várias opções não terem sido aprovadas pelos portugueses, em 1922, o presidente Epitácio Pessoa declarou o texto de Osório Duque Estrada como letra oficial do hino nacional brasileiro.

50 versos
A letra do hino nacional possui ao todo 50 versos, distribuídos em duas partes rigorosamente simétricas, tanto na métrica como no ritmo.

Versão Simplificada

Você sabia que existem diversas versões que tentam simplificar o hino nacional brasileiro, a fim de facilitar o entendimento da mensagem? Observe, por exemplo, a versão abaixo:

Nas margens tranquilas do riacho Ipiranga se ouviu
Um grito muito forte de um povo heroico,
E, nesse instante,
O sol da liberdade brilhou no céu do Brasil,
Com seus raios muito cintilantes.

Nós conseguimos conquistar, com muitas lutas,
A garantia de sermos iguais aos outros.
Ó Liberdade,
Desafiamos a própria morte
Quando estamos junto a ti.

Viva! Viva!
País amado e adorado.

Brasil, um sonho forte, como um raio muito luminoso,
De amor e de esperança desce à terra,
Se a imagem das estrelas do Cruzeiro do Sul,
Brilha em teu céu bonito, risonho e claro.

Pela sua própria natureza és um gigante,
Gigante corajoso, és belo, és forte,
E o teu futuro vai ser grande como tu.

Brasil, Pátria querida,
Entre tantas outras nações,
Tu és a mais adorada.

Brasil, Pátria amada,
És a mãe querida dos filhos
Que nasceram aqui!

Localizado para sempre em terras magníficas,
Banhado por um oceano e pela luz de um céu imenso,
Brilhas, Brasil, joia das Américas,
Iluminado com o sol deste Continente.

Teus campos, risonhos e lindos,
Têm mais flores do que a terra mais enfeitada.
Nossas florestas têm mais vida.
Nossa vida mais amores,
Quando estamos junto de ti.

Viva! Viva!
País amado e adorado.

Brasil, que a tua bandeira estrelada
Seja um símbolo de amor eterno!
E que o verde-amarelo desta bandeira diga:
"Nós temos glórias no passado e no futuro teremos paz".

Mas se levantares a arma forte da justiça,
Verás que um brasileiro não foge de uma luta!
E quem te adora não tem medo nem da morte.

Brasil, Pátria querida,
Entre tantas outras nações,
Tu és a mais adorada.

Brasil, Pátria amada,
És a mãe querida dos filhos
Que nasceram aqui!

(fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/curiosidades/hino.php)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A regreção da redassão

     Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
     - Mas, minha senhora - desculpei-me -, eu não sou professor.
     - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
     - A culpa não é deles. A falha é do ensino.
     - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
     - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
     - Não faz mal - insistiu -, o senhor vem e traz um revisor.
     - Não dá, minha senhora - tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
     - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos.
     Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: "Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever". No dia seguinte, ouvi de outro educador: "O estudante brasileiro não sabe escrever". Depois li no jornal as declarações de um diretor da faculdade: "O estudante brasileiro escreve muito mal". Impressionado, saí a procura de outros educadores. Todos me disseram: acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém mais faz diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca deárvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore.
     - Quer dizer - disse a um amigo enquanto íamos pela rua - que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante emprego por mais dez anos.
     - Engano seu - disse ele. - A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão.
     - Por quê? - espantei-me. - Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.
     - E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
     - Sei lá - dei com os ombros -, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
     - Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito da leitura. E quando o perder completamente, você vai escrever para quem?Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar num açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece hoje bilhete de loteria:
     - Por favor amigo, leia - disse, puxando um cidadão pelo paletó.
     - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio.
     - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompanhando os passos de uma universitária.
     - A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso.
     - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.
     - E o senhor, não está interessado nuns textos?
     - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
     - E o senhor, vai? Leva três e paga um.
     - Deixa eu ver o tamanho - pediu ele.
     Assustou-se com o tamanho do texto:
     - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo em cinco linhas?
(Carlos Eduardo Novaes)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um conto

A Moça Tecelã


Marina Colasanti



Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto eles ficam em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.


Adeus,
                                                   Trema.

(Lucas Nascimento da Silva, revista Offline nº 16)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Chegou o vestibular, e agora?

Existem muitas dúvidas no momento da escolha profissional.

(Reportagem produzida pelas alunas
 Paula e Fabíola, do 9º ano D)
O momento da escolha profissional é visto como essencial na percepção do adolescente, da família e da sociedade. Por ser considerado um momento importante o adolescente sente necessidade de ter apoio da família e dos namorados durante o período de escolha. Foi feito um estudo para verificar a influência dos pais ou de terceiros na escolha profissional do adolescente. Segundo pesquisa do site www.bases.bireme.br, 16 alunos participaram de duas entrevistas abertas, a primeira pesquisa indicou a influência dos pais, já a segunda, a influência dos namorados.

Alguns jovens se mostram bem decididos com suas escolhas, como a Priscila Dessupoio Detoni, 16 anos, que está no segundo ano do Ensino Médio e pretende cursar Engenharia Civil. “Não tive dificuldade para escolher, pois o interesse veio de repente”, diz Priscila.

O jovem Mateus Fajardo de Freitas Salviato Detoni, 18 anos, passou no vestibular de Ciências Biológicas, escolha feita desde muito pequeno. “Desde muito novo eu sempre quis algo relacionado aos animais, sabe, uma paixão minha”, diz ele.

Muitas vezes surgem dúvidas nas escolhas dos jovens quando passam para o Ensino Médio, entrando em contato com matérias bem diferentes das que já estão acostumados e muitas vezes essas matérias influenciam na hora de realizarem as escolhas.

Algumas profissões estão em alta no mercado de trabalho e algumas delas são indicadas pela revista Todateen:


DUBLADOR
Salário inicial: o piso varia de R$ 51 a R$67 por hora, dependendo do tipo de contrato.
Formação exigida: ter feito artes cênicas, curso de teatro ou especialização em dublagem.
Qualidades valorizadas: ter boa voz e grande poder de concentração. Boa memória para decorar textos e capacidade de interpretação também contam bastante.
Áreas de atuação: dublagem de desenhos, filmes, novelas, comerciais…
Onde encontrar cursos: veja os sites dos sindicatos dos artistas (www.satedsp.org.br e www.satedrj.org.br ).



CHEF DE COZINHA
Salário inicial: R$800 a R$1000
Formação exigida: não há pré-requisitos, mas o curso de gastronomia é cada vez mais reconhecido.
Qualidades valorizadas: um chef de cozinha precisa ser disciplinado e paciente. Além disso, procuram-se pessoas ágeis e que trabalhem bem em equipe.
Áreas de atuação: cozinhas de hotéis, restaurantes, navios, buffets, escolas, hospitais…
Onde encontrar cursos: vão do nível básico até a graduação. O Senac oferece diversas opções (www.sp.senac.br/gastronomia).



FOTÓGRAFO
Salário inicial: média de R$2000.
Formação exigida: o diploma não é obrigatório.
Qualidades valorizadas: facilidade de adaptação e criatividade.
Áreas de atuação: bem abrangente, vai desde o mercado editorial (revistas, jornais) até a área médica e científica.
Onde encontrar cursos: há vários cursos técnicos, até mesmo gratuitos, e alguns de nível superior. Um deles é oferecido pelo Senac (www.sp.senac.br).



DJ
Salário inicial: de R$150 a R$300 por apresentação, mas um DJ famoso chega a ganhar R$15 mil. Formação exigida: não há. Qualidades valorizadas: cultura e feeling musical, carisma, além de saber impor a música em que acredita, ter técnica e repertório.
Áreas de atuação: baladas, eventos, rádios, navios, gravadoras, produção e mixagem de músicas…
Onde encontrar cursos: há diversas escolhas especializadas em formar DJs, principalmente nas grandes cidades. O melhor é procurar a mais perto de você.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

HERÓIS

“Homens comuns são como folhas que caem das árvores e são varridas pelo vento. Aqueles que perduram são os heróis.” (Homero, Odisseia).

Heróis do Cinema e da Literatura
Definitivamente os super-heróis das histórias em quadrinhos invadiram os cinemas. Nos últimos anos o homem morcego voltou arrepiando no filme Batman - O Cavaleiro das Trevas, um dos maiores recordes de bilheteria. Tony Stark surpreendeu interpretando O Homem de Ferro com sua sensacional armadura. Como em todos os outros filmes do super-herói verde, O Incrível Hulk foi um fracasso mundial, ao contrário de Hellboy II, que faturou 100 milhões de dólares. Hancock e Jumper foram outros dois filmes bem redondos que não deixaram a desejar devido aos sensacionais efeitos especiais. Esses super-heróis vieram e deixaram suas marcas na história dos quadrinhos e do cinema; muitos outros virão e também farão o mesmo.
Na literatura acontece algo semelhante: alguns heróis surgem, fazem sucesso e depois desaparecem. No entanto, outros permanecem estáveis por muitos anos, como os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas e Dom Quixote de Cervantes, que se eternizou pela incomparável bravura. Isso para não falar dos heróis de Shakespeare, Virgílio, Homero, entre outros. Mário de Andrade também contribuiu, construindo seu herói sem nenhum caráter: Macunaíma. Quantos heróis a literatura não construiu e quantos outros não virão?
Atualmente, prestigiamos uma ideologia diferente de herói. Se antes eram Hércules, Aquiles e Ulisses, hoje são Shrek (um anti-herói como Macunaíma), Homem-aranha, Super-homem e infinitos salvadores (ou destruidores) do planeta. Dizer que isso é ruim seria uma incoerência, já que a definição de super-heróis de antigamente não se diferencia muito da de hoje: “Matar o bandido e salvar a mocinha”. Assim como Ulisses um dia quis salvar Helena dos Troianos (por mais que esta não tenha sido sequestrada, mas sim fugido com os gregos por livre e espontânea vontade), Peter Parker e Clark Kent também buscam salvar suas amadas.
Segundo Umberto Eco, “enquanto um livro requer uma leitura cúmplice e responsável, uma colaboração interpretativa, o filme ou a televisão mostram-nos as coisas prontas”. No entanto, quem não tem a capacidade de ver um filme e transportá-lo para o mundo real, não consegue ver nada de interessante nas telas dos cinemas. Às vezes, existem “vazios” no filme, que o espectador precisa preencher caso queira dar sentido à história. Criatividade é necessária onde e quando for tanto na leitura de um livro quanto na apreciação de um filme. É possível criar sempre, mesmo que alguns tentem nos impedir. Criemos!

(Este artigo foi publicado pelo Thiago, na quinta edição do "Quixote", Fanzine do Grupo Gauche de Literatura.)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia do índio - charge


fonte: http://www.acharge.com.br/index.htm

E NO FRIGIR DOS OVOS

O que significa "No frigir dos ovos"?

Pergunta: Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?

Resposta: Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa..

E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas, nem ficar procurando chifre em cabeça de cavalo.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, fazendo uma boquinha e cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha. São escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço, comendo mortadela a arrotando caviar. E, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco...

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas, porque macaco velho não bota a mão em cumbuca. Mas, quem não arrisca não petisca, e depois quando se junta a fome com a vontade de comer as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que, no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque: o que não mata engorda.

Entendeu o que significa "no frigir dos ovos"?

(Autor desconhecido)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Data do Dia Nacional do Livro Infantil é homenagem a Monteiro Lobato


Quem não conhece a imagem da boneca Emília, retalhos de tecido a constituir o corpo, cabelos vermelhos e boca desenhada? O criador da personagem mais célebre da literatura infantojuvenil, Monteiro Lobato (1882-1948), empresta à data de seu aniversário, 18 de abril, para a comemoração do Dia Nacional do Livro Infantil.

O dia foi escolhido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002, e instituído pela Unesco (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) do Brasil.

Os personagens de Monteiro Lobato, sobretudo os do "Sítio do Picapau Amarelo", povoam o imaginário de crianças de diversas gerações brasileiras. "A Menina do Narizinho Arrebitado", lançado originalmente em 1920, foi o primeiro livro desta que é a mais conhecida criação do escritor.

Até 1948, data de sua morte, publicou em anualmente títulos dedicados às crianças e outros tantos ao público adulto, como "A Onda Verde", de 1921, e "América", de 1932.

Há livros interessantes para quem quer conhecer a fundo a controversa biografia de Lobato. Em "Monteiro Lobato", da editora Senac, três pesquisadores tentam dar conta das múltiplas facetas de Lobato, que, além de escritor, foi fazendeiro, advogado, diplomata, tradutor e editor.

Outros dois estudiosos enfrentam o mesmo desafio: Nereide Santa Rosa com "Monteiro Lobato", pela editora Callis, e Cassiano Nunes, que publicou o seu "Monteiro Lobato" pela editora Contraponto.

Para os que estão interessados em conhecer e compreender melhor as obras infantis de Lobato há um título imperdível, vencedor do Prêmio Jabuti 2009 de melhor livro na categoria não-ficção: "Monteiro Lobato Livro a Livro". Organizado pelos pesquisadores Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini, a obra examina o percurso literário a partir de textos de professores sobre cada uma das obras infantis do escritor.

A observação da trajetória de Lobato retrata um comportamento bastante regular e sistemático: ele gostava de reescrever suas histórias, preocupado de modo especial com a linguagem. Não por acaso, o componente de sua literatura que mais o aproxima dos pequenos leitores.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/721905-data-do-dia-nacional-do-livro-infantil-e-homenagem-a-monteiro-lobato.shtml

quinta-feira, 7 de abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

O sotaque das mineiras - vale a pena ler

      O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Afinal, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar sensual e lindo das moças de Minas ficou de fora?
      Porque, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: 'ouvi-la faz mal à saúde'. Se uma mineira, falando mansinho,me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: 'só isso?'. Assino, achando que ela me faz um favor.
      Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma.
      Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
      Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho. Não dizem: pode parar, dizem: 'pó parar' Não dizem: onde eu estou?, dizem: 'onde queu tô.'Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.
      Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito 'é competente' em tal ou qual atividade. Fala que ele 'é bom de serviço'. [...]
      [..] O verbo 'mexer', para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar. Se lhe perguntarem com o que você 'mexe', não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.
      Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém 'consegue nada'. Você 'não dá conta'. Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz: '- Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não, sô.'
      Esse 'aqui' é outra delícia que só tem aqui. É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase. É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer 'olá, me escutem, por favor'. É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.
      Mineiras não dizem 'apaixonado por'. Dizem, sabe-se lá por que, 'apaixonado com'.
      Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: 'Ah, eu apaixonei com ele...' Ou: 'sou doida com ele' (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).
      Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal. Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.
      Por exemplo: em Minas, se você quiser falar que precisa ir a um lugar, vai dizer: - 'Eu preciso de ir..' Onde os mineiros arrumaram esse 'de', aí no meio, é uma boa pergunta... Só não me perguntem! Mas que ele existe, existe. Asseguro que sim, com escritura lavrada em cartório.
      No supermercado, o mineiro não faz 'muitas compras', ele 'compra um tanto de coisa'. O supermercado não 'estará lotado', ele 'terá um tanto de gente'. Se a fila do caixa não anda, é porque está 'agarrando' lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!
      Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena, suspirará: '- Ai, gente, que dó.'
      É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras... Não vem caçar confusão pro meu lado! Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro 'caça confusão'.
      Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele 'vive caçando confusão'.
      Ah, e tem o 'Capaz...' Se você propõe algo a uma mineira, ela diz: 'capaz' !!! Vocês já ouviram esse 'capaz'? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer 'ce acha que eu faço isso'!? com algumas toneladas de ironia.. Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá: 'ô dó dôcê'. Entendeu? Não? Deixa para lá.
      É parecido com o 'nem...' . Já ouviu o 'nem...'? Completo ele fica: '- Ah, nem...' O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum.
      [...]
      Ainda não entendeu? Uai, nem é nem. Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?
      Preciso confessar algo: minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras. Aliás, deslizes nada. Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.
      Se você, em conversa, falar: 'Ah, fui lá comprar umas coisas...'... - Que' s coisa? - ela retrucará. O plural dá um pulo. Sai das 'coisas' e vai para o 'que'!
      Ouvi de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'. E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:
      - Ele pôs a culpa 'ni mim'.
      A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas...
      Ontem, uma senhora docemente me consolou: 'preocupa não, bobo!'. E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras. nem se espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: 'não se preocupe', ou algo assim. Fórmula mineira é sintética. E diz tudo.
      Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau, pura e simplesmente. Aqui se diz: 'tchau pro cê', 'tchau pro cês'. É útil deixar claro o destinatário do tchau... Na verdade, aqui se fala tiau!!! E é como eu me despeço docê!

Felipe Peixoto Braga Netto

Veja um vídeo deste texto adaptado:

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O jornal

A função do jornal é basicamente a comunicação. É um dos meios mais rápidos de ficarmos informados a respeito do que acontece no mundo. Dentro do jornal há várias sessões (editorias, cadernos), que por sua vez abrigam vários tipos de texto. Há algumas características que são comuns a todos estes textos, enquanto há outras que servem para individualizá-los.

A nomenclatura dos textos normalmente é dada de acordo com as suas características e seus objetivos específicos de comunicação, assim temos em um jornal: notícia, reportagem, editorial, resenha crítica, entrevista, artigo, crônica, anúncio, nota, charge, tirinha, cartum, etc. Genericamente chamamos os textos que se apresentam nos jornais de “matéria”.

Normalmente, o processo de produção de um texto jornalístico se divide em quatro fases: a pauta (escolha do assunto), a apuração (verificação dos fatos e de provas), a redação (organização das ideias transformando-as em texto) e a edição (locação desses textos no jornal, correção e revisão dos mesmos).

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Charge

Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. Muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de ser confundido com cartoon (ou cartum), que é uma palavra de origem inglesa, é considerado como algo totalmente diferente, pois ao contrário da charge, que sempre é uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras do dia-a-dia da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas através do humor e da sátira. Para entender uma charge, não é preciso ser necessariamente uma pessoa culta, basta estar por dentro do que acontece ao seu redor. A charge tem um alcance maior do que um editorial, por exemplo, por isso a charge, como desenho crítico, é temida pelos poderosos. Não é à toa que quando se estabelece censura em algum país, a charge é o primeiro alvo dos censores.

Aí vai uma então...



Quem quiser ver umas charges legais é só acessar:


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A crônica

Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem.

Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.

Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

ENTÃO VAMOS LER UMA CRÔNICA!

A última crônica

(Fernando Sabino)

     A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.
     A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
     Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
     Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
     A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
     São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
     Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.