domingo, 5 de abril de 2009

"Origem da expressão mineira 'UAI' –

UAI...NÃO É UAI SÔ
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Procurando o significado da riquíssima expressão "uai", observei que ela não existe no léxico formal da língua portuguesa. Foi por isso, que nossa história de hoje viajou nos trilhos das antigas cidades históricas mineiras, para tentar uma aproximação e descobriu que "uai" significa algo como a manifestação da tranquilidade do ser humano diante da vastidão do universo. Exemplo: "Parece que vai chover"."Uai, vai mesmo" - o que vale dizer: "Não adianta chorar, a chuva vai molhar e é bom ir procurando um guarda chuva e deixar as águas rolar!". Uai pode ser usado em vários contextos, mas é como manifestação do óbvio latente que exprime seu mais profundo significado. É tipo de expressão que retrata o bom mineiro que sossegado despreza complexas estruturas filosóficas em prol de uma vida tranquila de natureza limpa e crua, cortada por árvores, montanhas, rios e flores. Além disso, por ser formada exclusivamente por três vogais, a expressão "uai" é bastante musical e agradável aos ouvidos.



ORIGEM DA PALAVRA UAI - Segundo a história foi o presidente Juscelino Kubitschek que incentivou o odontólogo Dr. Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, a pesquisar a origem da palavra "uai". Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do jornal "Estado de Minas Gerais", Dorália encontrou a explicação provavelmente mais confiável: Os Inconfidentes Mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas, para se protegerem das autoridades policiais lusitana. Como conspiravam em porões de cidades antigas como Mariana e Ouro Preto, e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros nas portas dos esconderijos, com as três batidas clássicas da Maçonaria. Lá de dentro, perguntavam: quem é, e os de fora respondiam: UAI - que são as iniciais de União, Amor e Independência. Senha e palavras que foram respeitadas pelos lideres e heróis da inconfidência como Felipe dos Santos e Tiradentes. Só mediante o uso da palavra "Uai", a porta seria aberta aos visitantes. Terminada a revolta da Inconfidência Mineira sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário cotidiano, quase tão indispensável como o tutu e o trem danado de bom.

Outra diferente versão da origem da palavra "Uai" - também falada pelos goianos, veio de uma expressão inglesa "why" (por que). Ela foi introduzida no Brasil na época das construções das primeiras ferrovias brasileiras. Conta a história que engenheiros ingleses que vieram supervisionar a construção da ferrovia do aço e pouco ou nada entendiam do idioma português, sempre interpelavam os trabalhadores dizendo "Why this!" (por que isto?). Como as pessoas da região de Minas e Goiás estavam sempre em contato com esses ingleses, eles foram pegando a mania de falar essa expressão, mas em diversos contextos como: Vamos, força, anda logo, coragem, fartura etc. Em pouco tempo a palavra foi aportuguesada e se tornou o famoso "Uai sô".



O DOM MINEIRO - Explica um provérbio mineiro que humildade segue adiante da grandeza e da honra, que ser bonzinho não é o mesmo que ser bobinho, mas de fato um tiquinho diferente da maioria. Juntei-me ao dom do mineiro que não carrega tristeza, mas a alegria de ser dócil e falante, muitas vezes impetuoso, romântico e tímido. Gosto de amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. O dom mineiro é não perder o direito de dizer também uai, este trem doido e danado de bom, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação. É acreditar na panela cheia, mesmo quando a refeição se resume em angu, feijão tropeiro, bamba de couve, abobrinha e frango com quiabo, ou quando doutor, nem precisa ser chamado de senhor. O dom mineiro é saber cantar música caipira, mas também conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar que a felicidade esta nas coisas simples, que as pessoas é um ser tão próximo, tão dentro da alma da gente. É perdoar, dar tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou a perna. É não sai por aí contando vantagem, é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre queijos, amor, abraços e beijos a vida é maravilhosa e gostosa, é um trem danado de bom...é Uai!

José Augusto Pereira

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